domingo, 30 de março de 2014

Através de parceiros, AMD quer pôr Kaveri no Brasil até junho

Depois de ter anunciado o seu novo chip Kaveri, a AMD divulgou outra novidade, no mesmo tema: através de um sistema de parcerias com montadoras nacionais, a companhia pretende disseminar a nova tecnologia no Brasil ainda no segundo trimestre do ano. O objetivo é conversar com companhias de montagens de PCs em território nacional para que usem o Kaveri na manufatura de HTPCs (Home Theater PCs).
Com 30 cm, o HTPC de teste é certamente enorme para sua função, mas suas partes essenciais não chegam a ocupar 20% desse espaço (Foto: Renato Bazan/TechTudo)Com 30 cm, o HTPC de teste é certamente enorme para sua função, mas suas partes essenciais não chegam a ocupar 20% desse espaço

Os HTPCs, no fundo, são PCs comuns, mas moldados para que ocupem a sala de estar ao invés do quarto ou do escritório. Com gabinetes menores, pouco ruído, consumo de energia reduzido e foco nos elementos multimídia que um computador pode oferecer, essas máquinas miniatura são potenciais beneficiárias da arquitetura Kaveri, que reúne processador, placa gráfica e a ponte entre elas num mesmo chip. A pequena dimensão resultante dessa “arquitetura heterogênea”, como a AMD a chama, acaba se refletindo na comodidade de ter uma máquina que cabe na estante e, mais importante, no bolso de muitos brasileiros.
O modelo apresentado para teste no laboratório da AMD, em São Paulo, não chega a cumprir essa promessa: apesar de seus componentes ocuparem um espaço pequeno, o gabinete ITX escolhido pela empresa não faz favores à proposta do Kaveri. “Para falar a verdade, esse modelo de teste foi enviado desta forma dos Estados Unidos, não é ideal. Mas não é difícil perceber que dá pra diminuir bastante o tamanho, e pretendemos incentivar nossos parceiros brasileiros a fazerem justamente isso”, explicou Roberto Brandão, engenheiro da empresa.
Quando estiverem no mercado, os HTPCs baseados no Kaveri deverão competir diretamente com os PCs desktop, e não com os consoles. "Quem quer um PlayStation 4 vai comprar um PS4, quem quer um Xbox vai comprar um Xbox, não tenha dúvidas. O foco desses aparelhos será o de competir com os desktops comuns e outros sistemas multimídia para a sala, como a Apple TV. Nós temos uma vantagem, pois se trata de um PC completo: podemos colocar máquinas virtuais para rodar aplicativos de Android, podemos transformá-los em Steam Machines, podemos até mesmo transformá-lo no PC principal da casa. A limitação para isso será das montadoras para definir", continuou.
Atualmente, os chips que utilizam a Kaveri são o A10-7850K, o A10-7700K e o A8-7600, do mais caro (US$ 173) para o mais barato (US$ 119). Por trazerem menos peças, esses PCs modificados deverão custar menos que seus equivalentes tradicionais, mesmo no Brasil. Mesmo sozinhos, porém, essas APUs têm um preço razoavelmente menor que suas equivalentes diretas na concorrência.

O potencial dormente do Kaveri


Entender o Kaveri, neste momento, passa por compreender a nova filosofia de pesquisa e desenvolvimento que a AMD adotou de alguns anos para cá. Se a tendência passada se resumia em construir placas de vídeo cada vez maiores e mais potentes, as novidades recentes apontam na direção oposta: buscar máxima eficiência energética e arquiteturas cada vez mais microscópicas parece ser a nova onda.
O bloco do Kaveri carrega os processadores (laranja), núcleos gráficos (verde), memória de troca (azul) e codificadores de mídia (topo) em apenas 4 cm² (Foto: Divulgação/AMD)O bloco do Kaveri carrega os processadores (laranja), núcleos gráficos (verde), memória de troca (azul) e codificadores de mídia (topo) em apenas 4 cm²
O Kaveri reúne várias tecnologias que convergem neste mesmo espírito: ele une núcleos de processamento x86 bastante reduzidos chamados “Steamroller”, núcleos gráficos baseados no desenho econômico GCN, protocolos de arquitetura heterogênea para cortar caminho na comunicação entre os processadores e os núcleos gráficos, bibliotecas compatíveis com as APIs do Mantle (além do esperado DirectX 11.2), decodificadores de mídia unificados e uma nova forma de calcular áudio (em teoria, muito mais fácil de usar). 
No caso do A8-7600, ele vai ainda mais longe: foi construído para que pudesse operar com a voltagem definida pelo usuário – na prática, é possível força-lo a operar até mesmo a 45W, ideal para PCs em que silêncio e forma pequena sejam essenciais, quase sem perder desempenho.
Com todas essas características, o Kaveri consegue espremer no espaço de um chip o que antes ocuparia um gabinete inteiro. É literalmente possível construir PC apenas uma fonte, uma placa-mãe ITX, um chip central (que não é um CPU, mas uma APU) e um pente de memória RAM.
Em comparação com a geração anterior, Richland, a economia de energia presente no Kaveri quase não faz diferença em sua performance (Foto: Reprodução/AMD)Em comparação com a geração anterior, Richland, a economia de energia presente no Kaveri quase não faz diferença em sua performance
A partir daí, a AMD construiu outras funções exclusivas da nova plataforma. Para apelar para o público gamer, incluiu uma função chamada DualGraphics, em que uma placa de vídeo Radeon R7 pode ser instalada em uma das portas PCI Express para que passe a se comunicar diretamente com o Kaveri, multiplicando de forma dramática as capacidades gráficas do PC. Para os entusiastas de overclocking, aumento o suporte de barramento da memória para até 2400 MHz em DDR3, bem acima do padrão atual do mercado.
Para quem não vive sem vídeo, misturou ao pós-processamento do vídeo uma nova função de vídeo, chamada “Fluid Motion”, que basicamente faz uma interpolação entre frames sequenciais e cria novos, intermediários, para preencher o tempo inativo do buffer de vídeo. O resultado desse último recurso é um vídeo com movimentação notavelmente mais fluida, mesmo que o arquivo original esteja em taxas baixas de quadro.
Com todos esses recursos, o Kaveri atinge 4 GHz de processamento, com um clock gráfico a 720 MHz e suporte para até 32 GB de RAM. Nada mal para um chip do tamanho de uma moeda.

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